Horários do Lobo: Um Olhar Sombrio sobre a Primeira Infância em Portugal
O filme "Horários do Lobo" (2015),333 bet casino - realizado por Miguel Gomes, oferece um retrato sombrio e profundamente comovente da infância em Portugal durante os anos finais da ditadura salazarista. O filme segue a jornada de duas crianças, Maria e Rosa, através de um mundo de pobreza, violência e trauma.
Contexto Histórico
"Horários do Lobo" está situado na década de 1970, numa época de agitação política e social em Portugal. O país estava sob o jugo da ditadura de António Salazar, que reprimia qualquer forma de dissidência e mantinha o país isolado do resto da Europa.
A pobreza era generalizada, especialmente nas zonas rurais. Muitas famílias viviam na miséria, e as crianças eram frequentemente deixadas por conta própria. A violência física e psicológica era comum, tanto dentro como fora de casa.
Personagens
Maria: Maria é uma jovem rapariga de 13 anos que vive com a sua família numa pequena aldeia. Ela é precoce e inteligente, mas também vulnerável e facilmente assustada.
Rosa: Rosa é a irmã mais nova de Maria, de 6 anos. Ela é uma criança alegre e despreocupada, mas a sua inocência é constantemente ameaçada pelo mundo sombrio que a rodeia.
Temática
"Horários do Lobo" explora uma série de temas sombrios, incluindo:
Pobreza: A pobreza é um tema omnipresente no filme. As crianças vivem em condições precárias e passam fome com frequência. A falta de oportunidades económicas leva-as a participar em atividades perigosas, como roubar.
Violência: A violência é uma força constante nas vidas das crianças. Elas são espancadas pelos pais, testemunham violência doméstica e são ameaçadas por estranhos. A violência deixa cicatrizes profundas nas suas almas.
Trauma: As crianças em "Horários do Lobo" sofrem traumas psicológicos significativos. Elas vêem coisas que nenhuma criança deveria ver e são forçadas a crescer muito rápido. O trauma molda a sua visão do mundo e afeta o seu desenvolvimento futuro.
Inocência Perdida: O filme retrata a perda da inocência infantil. As crianças são confrontadas com a crueldade do mundo e a sua confiança é destruída. Elas tornam-se cínicas e desconfiadas.
Responsabilidade Parental: "Horários do Lobo" questiona a responsabilidade dos pais. Os pais das crianças não conseguem protegê-las do perigo e, por vezes, são eles próprios a fonte de violência.
Estilo Cinematográfico
O estilo cinematográfico de Miguel Gomes é cru e realista. Ele usa longas tomadas e planos fixos para criar uma sensação de claustrofobia e desconforto. A cinematografia escura e sombria reflete o mundo sombrio que as crianças habitam.
Gomes também usa técnicas surreais e oníricas para sugerir a fragilidade da psique das crianças. Os seus sonhos e pesadelos são retratados de forma vívida, confundindo-se frequentemente com a realidade.
Impacto
"Horários do Lobo" é um filme poderoso e perturbador que deixa um impacto duradouro no espectador. O filme destaca as condições terríveis em que muitas crianças em Portugal viveram durante a ditadura salazarista. Também levanta questões importantes sobre a responsabilidade dos pais e o papel da sociedade na proteção das crianças.
O filme tem sido aclamado pela crítica e ganhou vários prémios, incluindo o Grande Prémio na Berlinale de 2015. Foi também selecionado para representar Portugal nos Óscares de 2016.
Conclusão
"Horários do Lobo" é um filme essencial que oferece um olhar sem filtros sobre a infância em Portugal durante os anos finais da ditadura salazarista. O filme é um testemunho do poder do cinema para retratar as experiências mais sombrias e para dar voz aos silenciados.