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Mídia como palanquetoday777 jogo -: candidaturas de policialescos dobram

O número de candidaturas com o perfil policialesco dobrou no Brasil em 2022. Ao todo,today777 jogo - foram identificados 43 candidatos em 14 Estados (BA, PB, PE, CE, PI, AM, RR, MT, MG, ES, SP, RJ e PR) e no Distrito Federal.

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Os dados foram coletados por meio de pesquisa, realizada pelo Coletivo Intervozes, que faz parte do projeto Mídia sem Violações de Direitos, uma iniciativa permanente do coletivo. O projeto buscou este ano por candidaturas aos governos estaduais, Assembleias Legislativas dos Estados, Câmara dos Deputados, Senado e suas suplências, além de pesquisar programas policialescos de radiodifusão das 10 maiores cidades, em número de habitantes, em cada Estado.

Em 2018, o Intervozes identificou 23 candidaturas policialescas em 10 Estados, e neste ano, elas dobraram, podendo ser encontradas em 15 Estados, com 27 candidatos a deputado estadual, 11 candidatos a deputado federal, 4 candidatos a governador e 1 candidato ao Senado Federal.

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Paraíba

Na Paraíba, a pesquisa do Intervozes localizou duas candidaturas com perfis policialescos – programas que narram violências e criminalidades, com forte apelo popular, exibidos no rádio e na TV. Uma delas é do apresentador, candidato ao governo do Estado da Paraíba pelo PL, Nilvan Ferreira.

Nilvan começou a sua carreira no rádio, na cidade de Cajazeiras, onde nasceu. Quando veio para João Pessoa, permaneceu no rádio, sendo contratado pelo Sistema Correio de Comunicação. O primeiro programa na TV apresentado por ele foi o “Correio Manhã”, que divulgava notícias da área policial.

O Sistema Correio tem como característica o investimento em apresentadores e repórteres de seus programas de maior destaque na empresa. Foi assim com Samuka Duarte, que ficou a frente do policialesco “Correio Verdade” por mais de dez anos, candidatando-se a prefeito e vereador, sem êxito. Agora, o Sistema investe na carreira política de Nilvan Ferreira. A primeira eleição que participou foi em 2020, ao cargo de prefeito da Capital da Paraíba, ficando em segundo lugar. Na época, seu partido era o MDB. Após perder a eleição, a TV Correio o contratou para assumir o lugar de Samuka Duarte, na apresentação do policialesco, “Correio Verdade”, um dos carros chefe da empresa.

Porém, mesmo com a popularidade conquistada através dos programas policialescos que apresentou, Nilvan Ferreira é o candidato mais rejeitado ao governo da Paraíba na eleição deste ano, segundo pesquisa do IPEC, divulgada este mês.

Outro candidato, também vinculado ao Sistema Correio, é o repórter, Emerson Machado. Ele também é candidato pela segunda vez. A primeira eleição da qual participou foi em 2018, para o cargo de deputado federal, pelo AVANTE. Agora, Machado, que é popularmente conhecido por “Mofi” - expressão criada por ele para se referir a jovens negros periféricos, entrevistados no policialesco Correio Verdade, é candidato a deputado estadual por uma nova sigla, o PSD.

“Mofi” possui um perfil agressivo e inquisidor, principalmente quando as pessoas detidas, sob a custódia do Estado em delegacias, são jovens negros e pobres. Em uma das reportagens que realizou, ele entrou em uma delegacia e, sem permissão, forçou uma entrevista com uma moça que estava detida como suspeita de tráfico.

Histórico

As candidaturas de policialescos ganham vantagem em relação as demais, pois contam com uma visibilidade midiática, adquiridas por projeções diárias em concessões públicas pouco fiscalizadas.Emerson Machado e Nilvan Ferreira respondem a processos no Judiciário por danos morais, difamação, injúria, crimes contra a honra, direito de imagem e lei de imprensa.

Emerson Machado divulgou uma informação inverídica contra o suspeito de assassinar a jovem Patrícia Roberta, em 2021, relacionando-o às religiões de matriz africana. Para os sacerdotes do candomblé, Doté Cleyton de Sogbo e Zyel de Omolu, o repórter cometeu racismo religioso. Cleyton deu entrada em uma representação contra Machado no Ministério Público Federal na Paraíba.

Em 2017, foram apreendidos produtos supostamente falsos na loja de propriedade de Nilvan Ferreira, que funcionava em um shopping, no centro de João Pessoa. A operação foi realizada pela Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa, sendo deflagrada após denúncias de outros comerciantes que informaram à polícia a existência de revendas não autorizadas e suposta negociação de produtos falsos no local.

Além disso, Nilvan foi denunciado ao Ministério Público do Estado da Paraíba por receber vantagens políticas, através de sua esposa, Fernanda Gonçalves Bernadino, acusada de ser funcionária fantasma em pelo menos 4 prefeituras municipais.

Emerson e Nilvan são aliados do atual presidente da República e divulgam em suas redes sociais, e de maneira implícita no programa onde atuam como apresentador e repórter, mensagens do próprio presidente e de apoio às suas propostas, como as de apoio ao armamento da população e redução da maioridade penal. A TV Correio é afiliada à Record TV, emissora que está ao lado do atual chefe do Executivo federal.

Mídia e política

A pesquisa do Intervozes mostra ainda que a maioria dos candidatos policialescos são homens, com 50% brancos, 49% pardos e 1% pretos autodeclarados. Quase metade dos candidatos policialescos (17) são do PP (4), PL (5), Republicanos (8), partidos que fazem parte da base de apoio de Jair Bolsonaro. Desses, ao menos 13 são apresentadores de programas na Rede Record.

Esse grande número de apresentadores e repórteres de programas policialescos como candidatos a um cargo eletivo demonstra, segundo o Coletivo Intervozes, uma fragilidade do sistema político e midiático, pois mesmo afastados de suas funções no período eleitoral, já acumulam uma boa visibilidade, seja no rádio ou na TV. Não é à toa que Nilvan Ferreira ficou em segundo lugar nas eleições para prefeito de João Pessoa, em 2020.

Os programas policialescos reforçam pautas como a incitação da violência por meio do armamento da população, desrespeito à presunção de inocência, criminalização da pobreza, a partir do julgamento e condenação das pessoas detidas em delegacias, a maioria pobre, negra e periférica, discurso de ódio contra mulheres, crianças e adolescentes, povos e comunidades tradicionais, como os candomblecistas e o público LGBTQIA+. Tais pautas são divulgadas entre piadas, vendas de produtos e prestação de serviços assistencialistas, invadindo a casa dos brasileiros/as na hora do almoço.

* Mabel Dias é jornalista e integrante do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social

**O levantamento completo está disponível na página do Intervozes. Os dados foram coletados coletivamente por Jonaire Mendonça, Iago Vernek, Iury Batistta, Mabel Dias, Nataly Queiroz, Paulo Victor Melo, Raquel Baster e Sheley Gomes. A pesquisa foi coordenada por Tâmara Terso e Olívia Bandeira.

*** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Maria Franco


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